Oficina CEER
 01-06-2011
TURISMO “LOW COST” EM DEBATE NA UTAD EM CHAVES

A última sessão de TURCHAVES II, que vem decorrendo no Pólo de Chaves da Universidade de Trás-os-Montes (UTAD), decorreu no passado dia 25 de Maio, abrindo de forma diferente: enquanto as pessoas entravam no auditório, uma montagem artística de centenas de fotografias com banda sonora, editada por Victor Monteiro, foi projectada. Este filme ilustra como os alunos do 3º ano da opção “Turismo para populações especiais” se deslocaram por todo o Norte de Portugal (Viana do Castelo, Miranda do Douro, Montalegre, Gerês e Douro) em várias excursões para aprender em contexto, algumas situações sobre o turismo acessível, segundo os comentários da aluna Sara Rebelo. Esta iniciativa que pretende recuperar a cultura das viagens educativas para enriquecer os participantes a nível pessoal e técnico foi apoiada pelas “Tintas Europa”. O testemunho destas viagens low cost, já que cada saída podia custar no máximo 10 euros a cada participante, está no Facebook (em UTAD aulas low cost).

Logo a seguir Jordi Gascón, autor de vários livros ligados à temática central da sua palestra, foi introduzido pela aluna Elisabete Antunes. O barcelonês começou por definir o que é turismo responsável. Optou por não falar de um conceito, mas de um movimento social em redor de 3 linhas da acção: a) estabelecer modelos de desenvolvimento turístico sustentáveis e específicos para cada zona de destino, que devem considerar variáveis sociais, culturais, económicos e ambientais; b) denunciar os impactos negativos que o turismo traz consigo ou pode impor quando se instala numa certa localidade e envolver-se no acompanhamento dos colectivos afectados e mostrar-se solidário com os mesmos; c) responsabilizar e valorizar o input de turistas, operadores turísticos, populações residentes e instituições públicas quando estes modelos de turismo sustentável estão a ser elaborados, executados e monitorizados. Nesta definição aberta está presente a sua visão “ambivalente” sobre o turismo que considera como uma arena de conflitos entre grupos sociais com diferentes interesses. Acrescenta a este layer de conflitos inter-humanos, outro, o da luta por vários sectores económicos pelos mesmos recursos escassos.

Jordi Gascón deu vários exemplos para ilustrar o seu ponto de vista, nomeadamente, que nem sempre todas as partes envolvidas na turistização de certos destinos tiram proveito desta mudança. Por exemplo, denunciou que um dos efeitos da reconstrução turística da zona costeira indonésia, após o tsunami, é a expulsão definitiva dos pescadores locais do seu habitat normal. Em várias zonas costeiras mexicanas, os recifes estão a ser eliminados para favorecer o cultivo de lagostins que são consumidos em grandes volumes pelos turistas. Entretanto, descobriu-se que o desaparecimento desta barreira natural aumenta o risco de furacões. Noutras zonas, por causa de especulações imobiliárias, o preço por metro quadrado aumentou tanto que a população local já não é capaz de comprar qualquer terreno para construção privada e emigra. O palestrante desenvolveu também a temática do custo ambiental das viagens aéreas, um tópico que, conforme Jordi Gascón, será ainda muito debatido apesar das tentativas da própria indústria de minimizar na comunicação social o impacto da libertação de grandes quantidades de CO2 pelos aviões.

Este ciclo de conferências em redor da temática “Outros turismos são possíveis” teve o apoio da Câmara Municipal de Chaves, da FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia) e do Centenário do Turismo em Portugal. Visto a aderência positiva à iniciativa, prepara-se um 3º ciclo para a Primavera de 2012.

Fonte: http://utad.pt