Oficina CEER
 21-11-2011
PROFESSORES AJUDAM CRIANÇAS A TIRAR FUMO DAS CASAS E CARROS

Projeto nacional coordenado pela UMinho visa ser implementado pelo Governo no 1º Ciclo.

A Universidade do Minho, com parceria das universidades de Évora e Beira Interior, inicia esta semana o projeto nacional Domicílios 100% Livres de Fumo. A finalidade é que as crianças, sensibilizadas pelos professores, convençam os pais a irradicar o fumo dos domicílios e dos veículos particulares, ou seja, a limpar o ar de casa e do carro. Se se confirmarem ou superarem os dados dos testes piloto, pretende-se persuadir o Governo a integrar o projeto no 1º Ciclo do ensino básico de todo o país.

“Os principais responsáveis pela exposição tabágica das crianças são os pais. Há várias provas científicas de que esta poluição ambiental é mais agressiva para as crianças, por isso queremos protegê-las. É sabido que o tabaco pode destruir a família, pois os fumadores gastam dinheiro e saúde e se algum morrer as crianças ficam numa situação muito dificil”, diz o coordenador José Precioso, investigador e professor do Instituto de Educação da UMinho.

O projeto de investigação, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, começa estes dias a apoiar 600 alunos do 4º ano de 35 escolas de Braga. Os professores, que receberam formação, vão informar na sala de aula os alunos sobre o problema do fumo ativo/passivo e as técnicas para persuadir os pais a não (permitir) fumarem, pelo menos, em casa. Vão também promover concursos, a elaboração de trabalhos (cartas, desdobráveis) para enviar aos pais fumadores, realizar exercícios teatrais (alunos a representar uma criança e o pai fumador), a afixação de autocolantes de proibição em casa e no carro, a disseminação de panfletos e, ainda, a assinatura de uma declaração de compromisso “domicílio sem fumo” entre pai e filho. Um site alusivo possibilitará ainda descarregar materiais pedagógicos, fazer jogos e consultar dados complementares.

Este projeto tem sido realizado de forma experimental há mais de cinco anos pela UMinho. Por exemplo, a sensibilização em 2006/07 envolveu 800 alunos de 35 escolas e concluiu-se que o número de crianças expostas ao fumo do tabaco reduziu 10%. Cerca de 35% das crianças está exposta ao fumo passivo de um familiar em casa, refere José Precioso, notando que Braga foi pioneira neste tipo de monitorização em Portugal. O investigador realça que esta percentagem tende a diminuir, com a nova Lei Anti-Tabágica e o preço mais caro dos cigarros. “Ter ar puro em casa é tão importante como ter água potável. Abrir a janela, ligar o ventilador ou fumar noutra divisão não elimina eficazmente a exposição ao cigarro. Basta ver que uma alcatifa é ideal para a deposição prolongada das partículas, muitas delas cancerígenas”, explica Precioso.

“Estado deve proibir o fumo nos automóveis”.
Este conceituado especialista acredita que o Estado português venha a proibir o fumo “em segunda mão” dentro dos automóveis particulares. “Uma em quatro crianças transportadas em automóvel é sujeita ao fumo passivo porque alguém fuma no carro. A concentração de gases provenientes do ato de fumar nesse habitáculo é muito maior que no interior de uma habitação – e particularmente grave para portadores de bronquite ou asma”, justifica. A criminalização do ato de fumar com uma criança a bordo foi aprovada no Utah, EUA. No Reino Unido, vinte peritos recomendaram ao Governo que legisle a proibir o fumo dentro das viaturas. “Num futuro próximo, o fumo do tabaco pode ser entendido como um atentado aos direitos das crianças”, realça Precioso.

O tabaco é uma das principais causas de morte no mundo. Um em cada dez adolescentes, entre os 12 e 18 anos, é fumador regular e 80% dos fumadores em geral começou a fumar entre os 14 e 18 anos. “É urgente fazer mais na prevenção para os menores de idade”. O livro “O essencial sobre tabagismo para médicos”, apresentado ontem e escrito por José Precioso, Manuel Macedo, Catarina Samorinha, Carolina Araújo e Henedina Antunes, revela que fumar na gravidez está ligado ao maior risco de tensão arterial elevada quando o bebé atinge a idade adulta, ao risco de obesidade na infância, a alterações no tamanho dos rins, à redução precoce da função respiratória e ao risco de infeção bacteriana invasiva.

Mais informações
Prof. José Precioso – 253604273, 933456833,
precioso@ie.uminho.pt