Chamam-se super terras, são planetas rochosos com massas entre uma e dez vezes a massa da Terra,
podem albergar condições necessárias à vida, tal como o nosso planeta, e podem ser mais comuns do que o que se pensava. A conclusão resulta de uma avaliação inédita feita por uma equipa internacional de astrónomos, da qual faz parte Nuno Cardoso Santos, investigador do Centro de Astrofísica (CAUP) e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).
Esta descoberta resultou da primeira estimativa sobre o número de exoplanetas (planetas que orbitam uma estrela que não o Sol, também designados por super terras) que orbitam as anãs vermelhas, estrelas de pequena massa que compõem 80% da Via Láctea. As observações “indicam que 40% de todas as anãs vermelhas terão super-terras a orbita-las na sua zona de habitabilidade [região em torno da estrela, com as condições necessárias para que possa existir água líquida à superfície de um planeta]. Como as anãs vermelhas são muito comuns — há cerca de 160 mil milhões delas na Via Láctea — isto dá-nos o surpreendente resultado que há dezenas de milhares de milhões destes planetas, só na nossa galáxia”, explica Xavier Bonfils (IPAG/Observatório de Genebra), primeiro autor do estudo.
Ao longo de seis anos, e tendo como objetivo observar uma amostra de 102 anãs vermelhas, a equipa utilizou o espectrógrafo HARPS, situado no observatório do ESO, no Chile. Nesta amostra foram detetadas nove super terras, duas delas na zona de habitabilidade (Gliese 581d e Gliese 667Cc), e cerca de uma centena a menos de 30 anos-luz de distância do Sol. Em relação aos planetas maiores, do tamanho de Saturno ou Júpiter, o estudo conclui que são bastante raros em anãs vermelhas, com frequências a rondar os 12%.
Até à data, o planeta descoberto mais parecido com a Terra chama-se Gliese 667Cc e tem quatro vezes mais massa do que o nosso planeta. Situando-se mesmo no centro da zona de habitabilidade, este planeta rochoso poderá, quase de certeza, ter as condições necessárias para a existência de água líquida na sua superfície.
A deteção de planetas idênticos à Terra a orbitar outras estrelas semelhantes ao Sol é precisamente um dos objetivos mais importantes do projeto ESPRESSO. “Os resultados agora publicados sugerem que o ESPRESSO terá muitos planetas para descobrir”, conclui Nuno Cardoso Santos, referindo-se ao espectrógrafo de alta resolução a ser instalado no observatório VLT (ESO).
Fonte: noticias.up.pt