Estudo foi recentemente publicado no conceituado “New England Journal of Medicine”.
Uma equipa internacional liderada pela Universidade do Minho identificou um fator genético que aumenta as probabilidades de pacientes submetidos a transplantes de medula óssea contraírem aspergilose, uma doença infeciosa com elevada taxa de mortalidade. A descoberta abre portas para novas intervenções terapêuticas e permitirá realizar um rastreio específico, no sentido de minimizar os riscos de desenvolvimento desta patologia. O trabalho foi recentemente publicado no prestigiado “New England Journal of Medicine”.
A pesquisa coordenada por Agostinho Carvalho, do Laboratório Associado ICVS/3B’s da UMinho e da Universidade de Perugia, demonstra que alterações específicas no genoma humano do dador de medula influenciam de forma significativa a suscetibilidade de pacientes à infeção por aspergillus fumigatus (fungo responsável pela aspergilose). Estas alterações no gene da pentraxina 3 (PTX3) do dador conduzem a uma redução considerável dos níveis de PTX3 no doente durante o processo de reconstituição do sistema imunológico, diminuindo assim a sua capacidade em eliminar o agente patogénico.
Agostinho Carvalho sublinha que “o trabalho contribui para aumentar a capacidade dos clínicos em definir subpopulações de elevado risco para o desenvolvimento de aspergilose invasiva, o que contribuirá para a definição e otimização de estratégias preventivas”. Para além das variações genéticas no sistema imunológico, são vários os fatores que contribuem para o aumento de infeções fúngicas em pessoas sujeitas a transplantes de medula óssea. Cinco a quinze por cento destes doentes desenvolvem infeções que resultam em taxas de mortalidade muito elevadas, apesar de existirem fármacos para o efeito.
Intitulado “Genetic PTX3 Deficiency and Aspergillosis in Stem-Cell Transplantation”, o estudo teve a colaboração de Fernando Rodrigues, do ICVS/3B’s, bem como de grupos de investigação das universidades de Perugia, Parma, Milão, Católica do Sagrado Coração (todas de Itália), Leuven (Bélgica), Regensburg e Friedrich Schiller (Alemanha), entre outros. Contou com o financiamento da Comissão Europeia, da Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infeciosas, do Ministério alemão de Educação e Ciência, do Conselho Europeu de Investigação, da Associação Italiana de Investigação em Cancro e da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Doença pode resultar na morte do individuo
A aspergilose é uma doença infeciosa causada pelo fungo aspergillus fumigatus, que atinge principalmente os pulmões. Ocorre quando o fungo entra em contato com a superfície do corpo do indivíduo ou invade tecidos mais profundos, piorando a infeção. Os sintomas são diversos, tais como febre, tosse com sangue, delírio, hemorragias, calafrios, coágulos sanguíneos, perda de peso, icterícia, insuficiência renal e formação de massas fúngicas. O tratamento deve começar o mais rápido possível, para evitar a complicação da infeção, que pode resultar na morte do indivíduo.
Fonte: www.uminho.pt