A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) vai lançar nos próximos dias um método único no mundo para datar árvores idosas, podendo chegar aos três mil anos. A patente acaba de registada em nome desta Universidade e do empresário André Soares dos Reis, proprietário do Grupo “Oliveiras Milenares”.
O método de datação foi encontrado na sequência de um aturado estudo coordenado pelo investigador José Luís Cerveira Lousada, do Departamento Florestal da UTAD, ao abrigo de um protocolo entre esta Instituição e o Grupo “Oliveiras Milenares”.
A datação de árvores relativamente jovens é, de um modo geral, fácil, sendo neste caso normalmente utilizados métodos ópticos para a avaliação da sua idade. Todavia, em árvores muito idosas a sua utilização tem sido impraticável, já que, entre outros aspectos, na maioria dos casos a parte central das árvores (que corresponde à sua zona mais velha) entra em biodegradação, o que impossibilita a sua datação. Em face disso, o estudo da UTAD desenvolveu uma metodologia não destrutiva que permite estimar a idade de qualquer árvore muito idosa, podendo ir até aos três mil anos, mesmo que esta se apresente oca no seu interior.
Esta metodologia permite estimar a idade das árvores através de um modelo matemático que relaciona a idade com uma característica dendrométrica do tronco (raio, diâmetro ou perímetro). Ou seja, não se baseia na identificação e contagem dos anéis de crescimento, ou na análise de radiocarbono da madeira formada nos primeiros anos de vida da árvore, mas sim através de um parâmetro dendrométrico do tronco das árvores (traduzido por exemplo pela dimensão do raio, diâmetro ou perímetro do tronco), com o qual a idade está bem correlacionada.
Como principais vantagens deste invento podemos salientar os seguintes aspectos: ser possível a sua utilização em árvores ocas; ser um método não destrutível (não obriga ao abate da árvore); ausência de lesões na árvore que comprometam a sua sanidade; ser um método extremamente rápido, comparativamente aos métodos tradicionais.
Refira-se que este estudo se reveste de uma enorme importância para a ciência e para a economia nacional e internacional, onde predominam árvores de grande longevidade, em especial a oliveira e o castanheiro. Na aldeia de Lagarelhos, do concelho de Vinhais, por exemplo, há um castanheiro milenar classificado como árvore de interesse público, que continua muito activo na sua produção.
Para assinalar este importante passo científico, o empresário Soares dos Reis fez a oferta simbólica ao seu concelho, Oliveira de Azeméis, de uma oliveira com a idade de 460 anos, já datada com o novo método. Esta oliveira foi colocada em frente aos Paços do Concelho, onde tem sido alvo de muita curiosidade.
No próximo dia 29 de Outubro, pelas 15 horas, terá lugar a cerimónia de certificação e de apresentação oficial da patente, com a presença do Governador Civil de Aveiro, Presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, representantes da UTAD, Presidentes das Juntas de Freguesia, entre outras entidades.