Oficina CEER
 27-09-2010
ESTUDO DA UTAD DESTACADO EM REVISTA CIENTÍFICA INTERNACIONAL

Análise proteómica revela que aves migratórias constituem reservatório de genes de resistência a antibióticos.

Um grupo de cientistas coordenado pelo Prof. Gilberto Igrejas, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) mereceu destaque na prestigiada revista internacional Proteome Science face às conclusões do seu estudo sobre as proteínas relacionadas com a resistência a antibióticos identificadas ao nível das bactérias de aves migratórias.

Segundo este estudo, concentrado na Reserva Natural das Berlengas, e desenvolvido para avaliar a Importância da Proteómica relacionada com a Problemática da Resistência aos Antibióticos ao Nível da Fauna Selvagem, as aves migratórias transportam bactérias resistentes aos antibióticos, como foi demonstrado pelos perfis proteicos analisados.

A equipa de investigação analisou bactérias isoladas de gaivotas Larus cachinnans, uma espécie de aves migratórias que pode ser encontrada em toda a Europa e, frequentemente, reunidas em bandos em lixeiras pois têm os restos alimentares humanos com uma das suas fontes de alimentação. Desta forma, receia-se que, por seu intermédio, os genes de resistência a antibióticos possam ser transmitidos entre ecossistemas. Estes animais, para além de constituirem reservatórios de bactérias resistentes, pelo facto de percorrerem longas distâncias, podem agir como transportadores tendo um importante papel epidemiológico na disseminação destas resistências. Consideram, também, os investigadores que as bactérias resistentes aos antibióticos analisadas no presente trabalho, pelo facto de serem comensais e habitantes do tracto gastrointestinal, são geralmente inofensivas para as pessoas saudáveis, mas podem causar infecções graves em imunodeprimidos ou pacientes de risco. Neste trabalho, conduzido em colaboração com diferentes centros de investigação nacionais e internacionais, foram identificados spots proteicos isolados e analisados por técnicas de electroforese mono e bidimensional, que aliadas à espectrometria de massa (MALDI-TOF/TOF) permitiram a identificação de sequências proteicas envolvidas na resistência a antibióticos. Para além disto este trabalho permitiu, adicionalmente, através de processos de análise bioinformática e detecção molecular, classificar as proteínas de acordo com a sua função biológica em proteínas de biossíntese, síntese de ATP, glicólise e mecanismos de conjugação.

Sobre este estudo, tendo em consideração a sua divulgação no Reino Unido, pronunciou-se já o Departamento Britânico para o Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais, que reconheceu o interesse das suas conclusões. Várias agências internacionais de informação e colaboradores de revistas como a Nature, Science, BBC, Time, The Globe and Mail, LiveScience.com, entre outras tem dado uma cobertura internacional que surpreendeu os próprios investigadores. Para os responsáveis do estudo, além do alerta, haverá a possibilidade de se abrirem agora novos alvos para o desenvolvimento de agentes antimicrobianos, podendo o conhecimento obtido ajudar a identificar novos biomarcadores da resistência aos antibióticos e factores de virulência.

Fonte: http://www.utad.pt